P[r]o[em][s]a
A mulher,
já atravessada ao lado
oposto da rua,
de viés encarava
o homem
que vendia miçangas.
Belo e nítido.
tão absorta,
já sem sentidos feéricos
que a levassem a crer
que não se passava
de um encanto momentâneo,
reatravessou a rua
com os passos embolados
tropeçando nos sonhos nunca acreditados.
que sofria de ilusão,
perdeu-se definitivamente
do amor.
já atravessada ao lado
oposto da rua,
de viés encarava
o homem
que vendia miçangas.
Belo e nítido.
Constrastava com a alma opaca de seu marido. Nunca comprara porcarias na rua; mas se viu, daquela vez única,terrivelmente enfeitiçada por uma bonequinha de pano, bem mal feita, jogada ao desinteresse popular. Havia naquelacena bem mais que um simples afeto materialista. Estava pasma e intacta a tentar encontrar os olhos do sereno ambulante.
A mulher,tão absorta,
já sem sentidos feéricos
que a levassem a crer
que não se passava
de um encanto momentâneo,
reatravessou a rua
com os passos embolados
tropeçando nos sonhos nunca acreditados.
Ofegante, ela recobrou-se no exato momento em que dispendia de sua carteira a exata quantia para comprar a boneca. O homem agora, lhe parecia rude. Os olhos cerâmicos, antes moldados à fantasia próspera, pareciam ter tomado a cor cinza e sua beleza lhe parecia entediante. Reatravessou a rua.
A mulher,que sofria de ilusão,
perdeu-se definitivamente
do amor.
3 Comments:
Cara, também gostei bastante do seu blog... posso linká-lo?
abraços!
quem somos nós para dizer o que é o amor e o que é a fantasia?
na verdade eu acho que é um pleonasmo
amor = fantasia
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